Título: P62, Um Regulador da Resposta Celular à Infecção por Listeria monocytogenes
Aluno: Mariana da Silva Siqueira
Orientador(es): Prof. Leonardo Travassos, Profa. Leticia Carneiro
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Agregados de proteínas ubiquitinadas, denominados ALIS, são formados de forma transiente em diversos tipos celulares após exposição à estímulos estressores como o estresse oxidativo e privação nutricional, ou a componentes microbianos, como LPS. Outras proteínas também se encontram nestas estruturas, dentre elas p62, a qual é importante para sua formação e seu direcionamento para a autofagia, e LC3, que participa da via de degradação autofágica. No entanto, este fenômeno ainda está longe de ser compreendido e há pouco conhecimento sobre os mecanismos de indução de ALIS durante um contexto de infecção por patógenos bacterianos, principalmente por bactérias gram-positivas, como Listeria monocytogenes. Neste trabalho, demonstramos a formação de ALIS após a infecção de BMDMs por L. monocytogenes 10403S selvagem e com L. monocytogenes deficiente em listeriolisina O (LLO), cepa que apresenta um comprometimento no escape do vacúolo de internalização para o citosol. Ao contrário da cepa selvagem, a indução de ALIS pela cepa deficiente em LLO é dependente de ROS e ocorre mais tardiamente, sugerindo que a indução de ALIS por esta cepa ocorre através de uma via de sinalização diferente. Nós também investigamos o envolvimento da xenofagia como mecanismo celular de defesa contra a infecção por L. monocytogenes. A infecção de macrófagos e fibroblastos com esta bactéria leva a indução de xenofagia nestas células. Devido a divergências na literatura com relação a xenofagia de Listeria entre os tipos celulares, protocolos de crescimento bacteriano e as cepas de Listeria utilizadas nestes estudos, nós realizamos a caracterização da xenofagia de L. monocytogenes em diferentes tipos celulares e comparamos a xenofagia de L. monocytogenes selvagem com a cepa deficiente em ActA, cujo escape da xenofagia é comprometido. Concluímos que: o perfil de indução ou não de xenofagia varia de acordo com o modelo celular utilizado no estudo; a temperatura de cultivo de L. monocytogenes pode impactar o reconhecimento da bactéria pelo maquinário autofágico; e a expressão de ActA por L. monocytogenes leva a um menor reconhecimento da bactéria pelo maquinário autofágico em células RAW 264.7 e MEFs. Alem disso, evidenciamos que fosforilação do resíduo S409 do domínio UBA de p62, promovida por ULK1, leva ao aumento da afinidade de p62 por proteínas ubiquitinadas em MEFs. Ainda, demonstramos que ULK1 e a fosforilação do resíduo S409 de p62 estão envolvidos no processo de reconhecimento de Listeria por p62 e ubiquitina em MEFs infectadas. Sendo assim, ULK1 e a fosforilação do resíduo S409 de p62 podem estar envolvidos e auxiliar na xenofagia de L. monocytogenes.
Palavras-chave: ALIS, L. monocytogenes, xenofagia, ULK1, p62, ubiquitina
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Ubiquitinated protein aggregates, known as ALIS, are transiently formed in different cell types in response to oxidative stress, starvation and a variety of microbial products, such as LPS. Other proteins, like p62, are also located in these structures and involved in their formation and targeting to autophagy. Another protein located in ALIS is LC3, which is involved in their autophagic degradation. However, the role of ALIS is still far from being fully understood and there is little knowledge about the mechanisms of ALIS induction during an infection context by bacterial pathogens, especially gram-positive bacteria, like Listeria monocytogenes. In this study, we demonstrate ALIS formation upon BMDMs infection by L. monocytogenes wild-type and listeriolisin O (LLO) knockout, which shows a compromised escape from the internalization vacuole to the cytosol. However, we demonstrate that, unlike the wild-type strain, ALIS induction by the LLO-deficient strain is ROS-dependent and its formation occurs at later time-points, suggesting that ALIS induction by this strain occurs through a different signaling pathway. Another mechanism that plays a role in innate immunity and is involved in the defense against L. monocytogenes infection is xenophagy. Macrophages and fibroblasts infection with this bacteria triggers xenophagy in these cells. Due to divergences in the Listeria xenophagy literature and the differences between cell types, bacterial growth conditions and Listeria strains used in different studies, we characterized L. monocytogenes xenophagy in different cell types and compared the xenophagy between wild-type and ActA deficient strain, whose escape from xenophagy is compromised. We conclude that: the profile of xenophagy induction or not, varies according to the cell model; the temperature of L. monocytogenes growth can impact the recognition of the bacteria by autophagic machinery; and L. monocytogenes expressing ActA leads to less recognition of the bacteria by the autophagic machinery in RAW 264.7 and MEFs cells. In addition, little is known about the molecular mechanisms involved in this process, which is important for controlling bacterium replication. p62 UBA domain phosphorylation of the S409 residue, promoted by ULK1, leads to an increased affinity of p62 for ubiquitinated proteins. Here, we demonstrate that ULK1 and the phosphorylation of p62 S409 residue are involved in the process of Listeria recognition by p62 and ubiquitin in infected MEFs. Thus, ULK1 and the phosphorylation of p62 S409 residue may be involved and assist L. monocytogenes xenophagy.
Keywords: ALIS, L. monocytogenes, xenophagy, ULK1, p62, ubiquitin